quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

001

Outra noite comum, eu devia ir pra casa e zapear pela tv. Prefiro andar. As ruas a noite parecem desertas de conteúdo. Só consigo ver pessoas andando, alheias ao mundo, alheias até à elas mesmas. Acho que estou da mesma forma. Olho a vitrine do carro novo. Talvez eu devesse reunir economias e comprar um carro. Mas pra quê? Se eu ainda vou preferir ficar em casa, ou andar, caminhar, pra respirar o ar puro e poluí-lo com cigarro. E eu vejo um bar aberto. Não devia ter chamado esse local de bar, botequim, acho que eu seria mais justo em dizer assim. Sento nessa mesa de madeira aqui fora. Dá pra ter o ar e a fumaça. E me deixa observar essa gente que povoa a rua. Levanto a mão e um garçom baixinho e suado me traz uma folha sulfite envolvido em contact. Pode ser uma Brahma mesmo amigão. Eu tentei ser simpático. Ele sorri e diz: pra aliviar o calor, chefe. Eu não parecia estar com calor. Eu ainda usava o uniforme do escritório, e essas calças de sarja não favorecem ninguém. Pensei como uma mulher, eu acho. A minha cerveja chega e eu não me sinto nada hipster. Se eu tivesse sentado numa cafeteria e pedido um cappuccino eu ia tirar foto pro Instagram. Mas hoje eu queria distância dessas redes sociais que só nos mostram quão solitários somos, atrás da tecnologia. Foi quando eu olhei para o lado. E vi ela.

Eu precisaria de várias folhas de caderno para descrevê-la. Primeiro porque ia querer desenhar a forma como os longos cabelos escuros faziam voltas por cima da sua blusa. Ou o jeito que ela cruzava as pernas calmamente, voltando o quadril para trás e jogando os ombros para frente. Ela parecia simpática demais. Daquele jeito que te irrita. Daquele jeito que me irritava, porque eu não estava por perto para rir com ela. Ela nem olhava pros lados. Não procurava nada, não buscava ninguém. Ela se bastava. Ao contrário do meu uniforme e postura formal, ela estava completamente em casa, vestia shorts e regata, e me fez pensar que ela acordava assim. Uma manhã de domingo. Apertei os olhos como se fosse zoom pra ver se ela tinha se maquiado. Ela era assim mesmo. Um sorriso nada perfeito mas completo, com os dentes, boca aberta e uma covinha, do lado esquerdo. Deus deve que sabia que se mandasse as duas covinhas, ele teria que parar de produzir outro tipo de ser humano e fazer apenas cópias dela. Mandou uma. Com fundo de 'não vou fazer mais, que fique por conta da sua imaginação'. Ele sempre brincando de war.

Eu bebi minha cerveja, aliviando o calor e a tensão que eu sentia quando ela virava pro lado da mesa. Se ela notasse que estava sendo observada, não seria tão natural e tão poética quanto devia. Deixei duas notas em cima da mesa, que valiam mais do que a cerveja. Mas eu precisava agradecer alguém por ter me deixado ver ela. E que fosse meu amigo garçom. Eu não podia simplesmente ir embora sem mostrar pra mim mesmo que eu estava muito agradecido. Nenhum seriado teria me feito sentir uma vontade incontrolável de cantar, nem de torcer pra que o mundo não acabe. Não sem antes eu vê-la novamente.Eu tinha encontrado um motivo pra viver os dias depois dela.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

mais tarde

Sheila, você reclama que não falo. Então, deixa eu falar de uma vez por todas.
Eu quero que você diminua esse cigarro, e pode começar por agora. Já é o terceiro e a gente tá na chuva. E eu molhei meu pé todo pra vir aqui. Hoje não era um dia bom pra conversar, mas não vai ter outro jeito. Você virou minha vida de cabeça pra baixo. E eu preciso falar logo antes que eu exploda. E entre no meu carro e chegue até o alpa em segundos. Você... Tá, não vou engasgar. Você é a culpada de tudo, sabe disso né? Sabe que se não tivesse bebido tanto aquele dia, nada disso tava acontecendo! Eu, na minha humildade jamais teria a coragem que você teve. E que coragem pra uma menina desse tamanho. E aí você fica aí no meu pé. E eu no seu. E a gente vai afundando juntos. Porque você descobriu como se usar, e o poder que pode ter. E logo na vez de quem? Claaaro que era na minha. Fica me contando histórias de terror, ainda não sei se pra parecer vítima pra mim ou pra eu sair correndo. Não está funcionando de nenhuma das duas formas. Você não é vítima de nada, caça com as duas mãos. E eu não vou sair correndo. Estou envolvido. Queria que nossas conversas fossem mais leves. Que eu não precisasse ficar tenso, esperando a próxima bomba. Que eu não tivesse que chegar nos lugares e as pessoas parassem de falar porque entrei. Que não tivesse que enfrentar uma muralha entre você e uma ou outra amizade, ou todas elas. Mas com você nada é fácil. Nada é tranquilo. Nunca é simples. Deviam colocar seu nome num furacão. Seria o melhor nome pra um. Mas olha. Falei demais. Quero você assim sabe, preta. Desse jeito que você tá agora. Bem, responsável. Pensando antes de falar e fazer. E eu prefiro assim. Mas não faz isso por mim. Faz por você. E para de mentir que 'de mim eu cuido', porque você não faz ideia de como se virar. Fica fazendo de forte mas é só uma menininha com medo. Por hoje é isso, amanhã eu já não sei. Mas vai ser assim. Você disse que podia ser do meu jeito.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Aos meus amigos

Vocês todos têm meu respeito. RESPEITO com todas as letras em caixa alta. Conviver comigo é uma das tarefas que alguém te mandou, pra você ser bem mais forte. É, eu sei, eu erro. Erro é meu segundo nome, aliás, terceiro, o segundo é Pricilla. E eu não conto isso com facilidade. Eu tenho facilidade pra falar, falar da vida, das filosofias, das bebidas, das farras, mas eu juro, sou mais que isso. Fico aí tirando foto, tentando parecer fútil, mas eu tenho uma panela de pressão no lugar da cabeça. Outro detalhe que é difícil de ser dito. E eu troquei um pulmão por outro coração, cabe muita gente, mas em compensação, a vida de fumante vai acabar me matando. Eu amo as minhas pessoas. Eu amo gostar das pessoas. E me dedicar. Mas eu erro. Erro muito. Peco (sic) e me sinto suja. E a culpa é toda minha, mesmo que por muitas vezes eu não assuma. E eu não sou dessas mais presentes. Eu sumo às vezes, dou uma passeada em outras turmas, mas quem eu amo mesmo, sempre procuro. Pode demorar, pode ter que curar feridas antes. Mas eu procuro. Eu sinto falta das tardes com vocês. Das bebedeiras, dos meus choros, ou dos de vocês. Sinto falta de fazer nada juntos. Porque fazer nada só é bom se for junto. E qualquer lugar vira o céu quando juntos. E eu preciso pedir desculpas. Por não ser a melhor amiga. Eu podia, eu devia, mas eu ainda sou errada. Vou tentar aprender. Com as minhas noites não dormidas muito mais do que com uma ligação. Ontem foi uma noite dessas, e pronto, estou arrependida do quão ruim eu posso ser. Eu vou mudar. Por mim e por vocês. Porque bons amigos não estão dando sopa por aí. E eu encontrei um monte que me faz feliz. Por favor, não desistam de mim.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

exatamente

Eu sempre fui um fã dos fins de semana, acho que todo mundo, e até a cidade fica mais interessante. E o sábado a noite é meu horário preferido. Eu poderia ter uma semana apenas de sábados a noite. Já pensou? Só gente arrumada, bem vestida, se fazendo de interessante, tomando mais uma bebida colorida. Todo mundo (até quem tá na fossa) tá com cara de satisfação. E se não está, experimenta tomar mais uma dose. Todas as mulheres são promissoras. Todos os caras são bem sucedidos. Todos os amigos são felizes e as amizades são eternas. Todas as fotos ficam divertidas. As músicas sempre são as melhores. Qualquer piadinha tem graça e faz sentido. Toda ex pode ser esquecida. Qualquer olhar sedutor pode render uma madrugada excitada. Todo e qualquer dinheiro do bolso pode ser gasto (e deve). Acho que o lulu definiu bem: 'sábado a noite tudo pode mudar'. E é nessa noite que você dá umas epifanias e resolve ligar pra ex. Ou pra ficante. E desabafar. Porque nesse horário tá tudo liberado. Vale mandar sms, whatsapp... E daí? Você não estava afim? Vale dançar até as pernas bambearem. Vale usar a sedução com estranhos. E com amigos. Tá liberado contar segredos, e passados. E se quiser chorar, desaba! Desabafa. Depois volta pra farra. Porque essa vida devia ser apenas um sábado a noite. Pra te mostrar que se o domingo de manhã chegar, mesmo que te dê ressaca moral: VALEU A PENA.

sábado, 22 de setembro de 2012

Antecedendo.

Boa tarde querida barbie.
Como sempre, apenas em momentos de desespero temos a chance de nos falar. Como eu te odeio por isso. Eu gostaria que tivéssemos mais momentos juntas pra eu te ensinar algumas coisas, a vida não é doce. E você descobre isso provando seus sabores. Aprenda. Eu mais que ninguém te amo, e sempre te aconselhei mesmo quando você não precisava. Mas nesse momento você precisa ouvir sábias palavras que um dia eu ouvi. O tempo é seu amigo, o tempo é que te leva e te traz tudo. Família, amigos, amores, dinheiro, carreira, saúde, vida. Tudo vem e vai embora. Cada coisa ao seu devido tempo. E o tempo não é seu inimigo. Você mesmo me contou que um amigo te disse que você não envelhece. Aproveite. Os dias te fazem bem, os novos sabores, as novas texturas, os novos cheiros. As novas sensações. A nova vida. Viva. Errar é humano, aprender com o erro é divino. Ame. Porque só se vive uma vez, e se não for pra ser intenso, morra. Vida morna é uma droga. E seu coração vai ser despedaçado, mas dê uma nova chance, e outra, e outra, e mais uma. E quando achar que ACABOU, respire fundo e se jogue de novo. Porque eu estou de braços aberto pra te curar. Muito adiantado, feliz aniversário, e que suas 24 primaveras te faça perceber que ainda não acabou, que tem muita vida. Amo você.

sábado, 15 de setembro de 2012

sem título nessa p****

É que eu quero que todo mundo foda-se. Eu quero quero que todo mundo pense o que quiser. Eu quero que você vá pra puta que pariu. Mas entenda. Que se eu amei, uma vez, foi você. E isso vai me render uma vida dolorida. Obrigada. Beijos. (consegui escrever sem errar. isso é um sinal. de que eu bebi pouco.)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

insônia.


Oi. É, eu sei. Sou eu de novo. Mas olha, não quero conversar dessa vez. Agora estou apenas te pedindo pra você me ouvir. Eu andei pensando muito nesse tempo todo, e bom, você estava certo. Você realmente não é o cara certo pra mim, porque sabe aquelas noites que você me deixava sozinha enquanto queria ver seus amigos? Eu encontrei alguém que não faz isso. Que me valoriza, que me dá muita atenção. E que nos dias da minha tpm, faz piadinhas e compra sorvete pra mim. Nada de perder a paciência porque hoje eu estou com dor de cabeça. Uma boa conversa sempre o deixa feliz. Ele me elogia todos os dias, e me dá um beijo de boa noite antes de dormir. Trocou a operadora do celular pra gente perder horas se falando. A gente intercala um seriado meu, um dele. O mesmo com os filmes. E as viagens. Ele planeja me levar pra conhecer o mundo. Ou mesmo uma cidade vizinha. Ele lê meu blog, e tem ciúmes dos meus amigos. Ele sente minha falta sempre que estamos longe. Você ainda está me ouvindo?

Sim.

Certo. Eu te disse que ele me ama? Porque ele disse, e tenta mostrar sempre isso.

Por que você está me contando isso?

Porque eu encontrei alguém que está sendo perfeito, e que quer que seja perfeito, e que mais do que isso, me quer. Ele é completamente diferente de você. E eu achei que isso seria a melhor parte. Mas isso só me faz te amar mais. E querer todos seus defeitos de volta. Só pra eu te amar mais um dia. Mais um mês. Mais um ano. Mais uma vida. Porque eu troco qualquer céu pelo nosso inferno. E eu só preciso que você venha aqui na porta. Porque está congelando aqui fora sem você. Faz 5 meses que só faz frio aqui.

o rumo.


- Se eu for embora, não volto tão cedo. Tá me entendendo?
- Pois que não volte mesmo! Não quero trombar com nenhuma camiseta jogada pela casa.

Porra. A gente tinha tantas brigas assim que eu nem consigo lembrar como começavam. Que culpa eu tenho se ele é um cara sem perspetiva, desorganizado, com um físico de me matar e com a mente mais incrível que eu poderia conhecer? Pois é.
Existe esse tipo de gente no mundo. Esse tipo que vive malhando, estudando e pesquisando mas adora pagar de que nasceu assim, e impressiona essas  idiotas, bem tipo eu.
A gente se conheceu de um jeito torto e deve ser por isso essa relação toda torta, bem como a gente mesmo. Ele me pediu um cigarro numa festa, tinha brigado com uma fulaninha e bom, eu estava lá a procura de um certo fulano, que ainda bem não achei. Nós contamos sobre infância, estudos, viagens e primeiras vezes. Tudo isso assim, na primeira conversa, na área de fumante.
Ele dormia no meu sofá, quando brigava com ela. E eu saía com meus amigos. Ele tinha a chave do meu apartamento. Isso não fazia o menor sentido. Um dia eu cheguei e encontrei ele lá, bebendo da minha cerveja, com os pés na mesa de centro e sem camisa. Começou assim. Ele passou a dormir na minha cama. E não apenas quando brigava com ela. Ele deixava algumas camisetas, escova de dente e a droga da caneca. E não me deixava mais sair com os amigos. Eu era dele, apenas dele.
A gente levava numa boa, se eu concordasse com ele. Mas as noites dela eram doloridas. E eu já não sabia como dormir sem ele. Então eu ia pra rua. E ganhava caronas de quem queria entreter minha noite. E sem perceber, passava mais tempo com meus desconhecidos que com ele.
Aí chegou aquela noite. Eu disse que ia sair, ele gritou comigo. Disse que eu estava fora dos trilhos. Eu sai, e voltei. Acompanhada.
-Acabou o respeito? Por acaso agora, não tem nenhuma decência? Que coragem é essa de trazer alguém pra NOSSA casa?
É, ele disse nossa. A casa era minha, eu era dele, e ele nosso. As camisetas no chão eram dele. O chaveiro de borboleta era meu. E eu nem vi quando gritei isso. Eu mandei ele embora. E junto o vazio das noites dela. Porque pra te ter pela metade, prefiro me ter por inteira.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

capítulo II - de outra visão

Bastou você me olhar. Eu já sabia que não ia conseguir te dizer não. O que eu posso dizer? O seu halito me desperta. E o que eu quero, é o que você quer. A gente sente essa urgência pra se ver porque sabe que qualquer minuto perto vale a pena, e todos os separados arrastam. Aí vou tentar te explicar como seria deixar marcas em você, 'se eu quisesse te deixar marcado, seria assim'. Eu ouço seu sussurro dizendo o quanto te enlouqueço e isso só me dá mais vontade. Agora eu não quero mais te empurrar e te chamar pra conversar. Agora eu não quero mais um tempo pra respirar. Eu quero você. Com todas as letras. E sem nenhum espaço entre a gente. Quero juntos, quero mais. Todo tempo é pouco pra gente. Por isso, me puxa, me aperta, me incendia e me faz implorar por descanso. Mas com uma condição pra depois, me mima, vai?

terça-feira, 31 de julho de 2012

capítulo II

Ele não era nada convencional. E muito menos ela. O problema deles foi ficar a primeira vez. Depois, ficou sobrando coberta, travesseiro e o canto dela na cama dele. Ele sabia como seduzir com o olhar. E como sabia! E ela se deixava levar todas as vezes, aceitava qualquer barganha pra ter míseros minutos com ele. A justificativa dela? "Não consigo me manter longe dele". A justificativa dele? Ela nunca soube. Mas ele adula ela, mima, faz todas as vontades. Faz carinho, cuida. Vez ou outra ele tenta assustar ela, dizendo que resolveu voltar com a namorada. Ela diz que está namorando pra irritar de volta. E assim eles ficam. Juntos. De madrugada, de tarde, no meio da noite. E se fizer frio, embaça. Se fizer calor, liga o ar condicionado. Ele encosta nela e ela derrete, desliza os dedos, leve, respira perto e pronto, ela perdeu o controle, e o juízo, e sem juízo ela também desliza os dedos pelas costas dele, e não existe madrugada que não amanheça com os dois juntos. E os planos deles são os mais doces possíveis, uma noite juntos, tempo a sós, dormir do lado dela na cama e poder desligar do mundo um pouquinho. Juro que fico na torcida pelos dois, porque eu achei que era brincadeira, mas o ciúme mútuo tá me fazendo pensar que não é qualquer coisa.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

tem que ser agora.

Olha, vou correr o risco de parecer uma velha. Mas tem coisas que todo mundo devia ouvir, só pra saber onde está e o que devia estar fazendo. O mundo é gigante, muito grande mesmo, mas a vida é muito pequena. E os dias passam rápido. E sabe aquelas brigas bestas que você tem com quem ama? Pois é, aquilo machuca, sabia? Eu sei que não era sua intensão, mas dói. E muito. Mas a gente tem que aprender a viver mais, viver bem. Deixar de implicância, deixar de ciumes, é seu! Ouça: se é seu, é seu. Fique mais tranquilo. Abrace mais, sorria mais, faça com que as pessoas sorriam, eu juro que as coisas ficam melhores. Aprenda a viver um dia depois do outro, e você verá o quanto é bom respirar. Ame mais. Ame tudo, se emocione. Se joga! Se permita. E depois se precisar chorar, você tem meu ombro. E se doer, você já vai aprender onde não deve pisar, e em quem não deve pisar. E eu quero te ver bem. Olha que delícia de vida! Vem?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

pensando antes de perguntar.

eu quero você de novo. quero perder o rumo, a hora e a prosa. quero perder o medo, a blusa e o destino. te achar me oferecendo casa, comida, roupa lavada. com cheiro de lar. quero mais beijo, mais mão, me segura. eu quero seu sorriso, nós escondidos, ou sentados no chão. só mais um pouco. mesmo que o dia amanheça e que a gente tenha que se separar depois, quero sua mão segurando a minha, e depois pode passear. você pode. quero poder querer. porque você é uma delícia e me faz pensar em mim. e você faz eu não querer dormir, eu não querer fugir. sheila diz: então me diz, volta quando mesmo?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

gim tônico

fiction
Num bar, no canto, lá estava ele.
Ele não me veria, não naquelas circunstâncias. Eu precisaria ter passado mais, no mínimo, 40 minutos me aprontando. Ele está lá, com a camisa de sempre, a calça de sempre e o sapato de sempre. E mesmo assim, mil vezes belo. Beleza que me inunda e me despe por não chegar aos seus pés. Um gim e não foi suficiente. Moço, me vê mais um. E esse nem vi bebendo. Ei, psiu, outro desse aqui oh! Agora eu tenho confiança, no gim que eu seguro. Ele me faz caminhar até a direção daquele ser que me puxa. Oi é tudo que sai da minha boca. oi. de volta. E eu perco o chão, as pernas, a confiança e acho que até o gim. Tá tudo bem sim comigo, e você? Hum. (como assim hum? COMO ASSIM HUM? isso mata conversa, isso mata assunto, isso mata até amor!). É, te vi sozinho, hum, quer dizer, de longe, e bom, sabe como é né, passei pra dar um oi mesmo e saber se tava tudo bem, afinal, quanto tempo não te vejo? pausa. Realmente faz bastante tempo. (tempo que me corroeu por dentro, que eu saia a sua procura, te procurei em todos os cantos de todos os bares, até finalmente te encontrar onde eu sempre te chamei pra ir e você nunca quis). Você bem sabe que é sempre bom te ver, me faz bem. (não acredito que eu repeti essa frase, depois de tanto tempo). (claro que ele vai dizer que vai ficar com os amigos... ou será que eu não o conheço mais?). Entendo, claro, seus amigos = suas prioridades, e quer saber de uma coisa, você faz bem. E repito, sempre bom falar com você.

Eu virei as costas, virei mesmo. Naquele dia ele foi doce, foi bom e gentil, mas ele foi ele, e por isso eu virei as costas sem olhar pra trás, porque quando eu atravessei o bar eu esperava que ele não fosse ele, ou que fosse o ele que eu queria que ele fosse. E não. Ele só foi ele. Do jeito que ele sempre foi e sempre será. E é por isso que nunca mais pisei naquele bar. Nem tenho mais costume de olhar para os cantos. Não quero te achar. Não quero te reconhecer muito menos reconhecer a roupa de sempre. Mantendo-me longe de você, fico mais eu, e quanto ao gim, bom, já que me lembra você e o bar, hoje prefiro outros gostos.

(como já tinha sido postado, merece voltar pro blog)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

segredos e mentiras: se vira.

-não foi bem assim, você não vai entender de qualquer forma.
-sabe o que eu entendo? que você dizia me amar! dizia que faria tudo por mim, que matava e morria. disse até que se algum dia acabasse, você se recusaria em seguir em frente, que não queria desapegar nunca do que sentir por mim. e então eu te vejo de mãos dadas, e você cheia de sorrisos e cigarros. e nessas horas eu vejo que passei tanto tempo pra não te conhecer de verdade.
-se você creu nos sorrisos, passou todo esse tempo sem me conhecer mesmo. tudo o que eu fiz foi por amor. e eu te amo até hoje, e mais ainda agora, por ter abrido mão da minha felicidade pela sua. você não vai entender de qualquer forma. e eu também te vi, antes daquilo, e escondi minhas mãos. porque tudo o que eu quero agora é te ver feliz, custe o que custar.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

'o inferno é não poder amar'

Vê se para de chegar no meu escritório com esses olhos marejados. Porque você me compra quando abre a porta. E me doa aos pobres quando vai embora. Entra aqui, diz que precisa de colo e se joga no sofá. Eu já te disse, esse sofá tem que estar em perfeito estado para quando meus clientes chegarem. Você nunca me ouve. Aí vou tentar te tirar de lá, e você pede pra eu mexer no seu cabelo. Você nunca vai crescer. Eu te adulo, te amanso. E aí você se joga em cima de mim. Puxa a gravata e amassa a camisa que demorei horas passando. Não que eu não te queira. Não. Eu quero. Mas pra variar, eu queria que fosse um pouco mais do meu jeito. Eu te levando pra jantar, depois pro meu apartamento, eu deixaria até você escolher a sua bebida vermelha. E lá a gente não ia ter que se importar com o sofá, os clientes, ou seu choro. Eu queria te cuidar, de verdade. Mas o único espaço que você me deixa entrar é o vão no meio das pernas. E eu, como bom e velho homem, entro. E depois, quando vou pra casa, queria poder te ligar. Nem seu telefone eu tenho. Você só passa ele praqueles babacas. Quando me liga, liga de qualquer orelhão na rua, desesperada, me pedindo qualquer coisa.  É que a noite eu fico carente, e você só sabe o que é carência no domingo a tarde, ou na segunda a tarde, ou qualquer dia que pedir atenção pra algum idiota e ele não der. Mal sabe você que não precisa deles, nem de mim. E assim vou deixando. Porque se descobrir o quanto é maravilhosa, meu sofá vai ficar impecável a semana inteira, e eu despedaçado sem você pra curar.

terça-feira, 15 de maio de 2012

simulação de voo

Faz frio e eles estão junto. O domingo amanheceu, mas eles ainda não. Tudo parece meio devagar e sonolento como devia ser. O indicador dele desliza da nuca às covas. Ela desperta. E com um sorriso de menina, sussurra qualquer coisa parecida com bom dia. Com a mesma mão ele a puxa, sente o perfume dos cabelos e a beija ternamente. É tudo mais leve assim, quando eles estão juntos.

De camiseta surrada e bermuda, ele passa a mão nos cabelos, confere no vidro da janela se está tudo dentro dos conformes e vai pra cozinha. É domingo, dia de ficar juntos, vivendo nada além do cotidiano. Ele faz um café e leva uma grande xícara pra cama, onde encontra sua garota se embrulhando de presente para os seus braços. Eles se encaixam, foi moldado pra ser assim. O café acaba e ela faz biquinho. Ele promete trazer mais se ganhar um sorriso. Ela nega. E começa a guerra de cócegas.

O tempo continua nublado e eles fazem algo na cozinha. A claridade da janela deixa o rosto dela perfeito. Vestindo nada além do moletom dele, ela consegue portar uma beleza e sensualidade inocente. Todo atrapalhado com essa visão, ele tenta continuar cozinhando, mexe na colher, experimenta e joga mais sal. As grandes costas dele a impedem de ver o andamento no fogão, então ela aproveita para observar quão encantador ele consegue ser. Sério, lindo, barba serrada e o maior desejo do mundo em apenas uma coisa: ser dela.

Colchão no chão, duas cobertas escuras, dois travesseiros e dois corpos ocupando o mesmo espaço. Os beijos nunca são suficientes, os olhos caçam os olhos, a luxúria ordena. E quando se separam sentem que não existe a necessidade de espaço entre eles. Se abraçam, se aninham. Ele passa os finos dedos entre os longos cabelos dela e se perde nos pensamentos. Alguém naquela sala sabia que tinha sorte.

O sol se põe, o faustão está irritando na tv e eles estão tomando sorvete. Ela coloca um dos pés em cima do outro, mesmo de meia, o frio está grande. Ele repara e ri. Repara nos detalhes, no cabelo atrás da orelha, partida pra esquerda. Ela é doce, meiga e quente. Ele é atencioso e tem cheiro de lar. Difícil imaginar esses dois separados.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

conjugando.

Minhas pernas enroscam nas suas. Que raiva estou sentindo de mim. Eu te pedi pra ficar e agora não sei o que fazer de você. Eu sei que você prefere me ter ali, em frente aos holofotes, dizendo que sou sua e tudo mais. Mas eu prefiro você aqui, embaixo das minhas cobertas. Usando seu braço de travesseiro. Vou sair de mansinho, não quero te acordar. Pelo menos não agora.

Acho que estou me escondendo aqui na cozinha. Estou com receio de ver seu rosto de novo. Eu estou despida de vontades. Só o que me veste são os medos. Não sei onde eu estava com a cabeça em entrar nessa sua loucura, nesses seus beijos sufocantes, nas suas mãos fortes e macias. Agora me lembro. Era por tudo isso. E mais ainda por me ver nos seus olhos. Você queria tudo isso. Assumindo todos os riscos. Você me quis. E eu continuo sem saber o que fazer de você.

Nada na tv, nada na internet. Nenhuma chamada no meu celular. Nem na secretária eletrônica. Já conferi a vista da janela, já procurei algo pra ler. Mas só você está prendendo minha atenção. Droga. Preciso dar um jeito na minha bagunça. Nunca vou te assumir isso, mas estou me escondendo de você por saber o quanto você me vê. O quanto isso é profundo. Me faço de indiferente mas o que você me proporciona é que me mantem de pé. Se consigo me ver dentro dos seus olhos é porque lá me sinto segura, e lá é onde eu quero ficar. Mas não nessa bagunça, nessa loucura. Nesse tipo de jogo só um sai ganhando. E terá que ser você, para não ter que pagar o alto preço de perder tempo comigo.

Oi linda. Eu ouço de você, encostado na porta do quarto, me olhando com um sorriso único. Sorriso de 'obrigado por me deixar ficar aqui essa noite'. Não abusa vai. Eu posso acabar te deixando por aqui mais vezes. Até porque, você combinou com a minha porta, com o meu sofá, com a minha cama. E eu com a sua camisa amarrotada. Talvez a gente devesse fazer isso mais vezes pra ver com mais o que você combina, e enquanto isso vou me acostumando com a ideia de mudar de ideia. Afinal, eu estava pra te mandar embora e agora estou toda derretida.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

do jeito dela.

Ela estava de veludo, jogada no canto do sofá, como se não tivesse me notado. Ela faz isso com frequência, e funciona. Me deixa louco. Eu tento fazer qualquer coisa pra chamar atenção dela, até ligar pra qualquer número feminino na minha agenda. Ela continua lá, com um copo na mão, olhando despretensiosa pra janela.
Eu vago pela sala. Pego um copo. Volto. Ela está brincando com os dedos no copo. E comigo.
Escoro na janela, trocamos algumas palavras. Ela reclama que atrapalhei sua vista. Que cansou de me ver. E eu penso desesperadamente nas suas costas. Desnudas encostadas no sofá.
Monto qualquer cena na minha mente, qualquer suspiro. Me sinto pouco confortável em lembrar das nossas madrugadas, com ela ali, do outro lado da sala. Me ignorando. O doce amargo da sua bebida. O arrepio.
Digo que vou embora e ela levanta. 'fica hoje'. Seria possível te negar? Eu fico essa noite, e se amanhã ainda existir, fico também. Não sei fugir dela. Não sei ser de mais alguém. Mesmo sabendo que ela vai me pedir pra esquecer tudo. O que eu posso fazer? Se já sei que ela é o que quero.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

você, novamente.

Vou te manter aqui. Comigo.
Está decidido. Afinal, eu queria assim, você queria assim. Então por que não posso te imaginar aqui? Eu vou fantasiar tudo, fique tranquilo. Até algumas brigas pra gente não cair na rotina. A gente começa assim: me empresta sua blusa de frio de novo, e me chama pra assistir um filme. Não sei como está o clima por aí, mas nunca vi/imaginei sua cidade fazendo frio. Aqui está, e muito. Você conhece. E acho que a gente pode passar mais uma tarde juntos. Ou talvez uma noite. Ou uma era de ouro inteira. Talvez eu precise mesmo de você por aqui para me ajudar a montar o que fazer, eu já escolhi o filme, como você mesmo disse. E a companhia. Acho que a gente tem alguns anos meio perdidos, algumas memórias secretas e alguns olhares possivelmente correspondidos. Te disse, conquistou o direito de dizer o que pensa pra mim. E de mim. E o de me encantar. Cada dia mais. Eu já sabia, você aí sozinho, tinha um motivo. Você estava me esperando.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

minha pressa.

Eu conto e as pessoas não entendem. É que eu te amo. E ninguém me culpa, mas todo mundo me julga. Eu amo quando você abaixa a cabeça, com raiva das besteiras que eu te falo, ou quando perde a paciência comigo e fica sério. Amo sua aversão à fotos. E amo lembrar que tirei uma sua, e que foi uma das mais lindas. Me apego às lembranças, aos beijos e aos nãos. Tento deixar todas as coisas irem embora, e dizer que não te amo, mas 'você é tudo pra mim' ainda está jogado no chão do meu quarto. E por mais que tenham rasgado minhas memórias palpáveis, que tenham tentado depredar sua imagem pra mim, eu ainda te amo. E eu te amo pra mim e pra você. Se eu ligar você não vai me entender. Muito menos estar a minha disposição. E nós vamos acabar brigando, como sempre. Mas eu ainda vou estar te amando. Quando for sete da manhã e o seu celular estiver supostamente acabando a bateria. Quando eu pegar o telefone e pensar mil vezes em ligo/não ligo. Quando a gente se esbarrar nessa pequena cidade. Quando ainda for muito cedo e eu repetir: sinto sua falta. Porque eu sinto a sua falta.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

20 horas atrás.

"me lembro de você, subindo a rua da igreja". Começou. Não, não começou, acordou. Devo ter escrito numa agenda antiga 'teenage love'. E acredite, é sobre você. Porque eu não sei, mas existe essa coisa, esse incomodo quando estamos lá, no meio de todas as outras pessoas que nos ignoram. Mal sabem elas. Você me encanta, me puxa, e eu deixo. E depois de anos sem te ver, anos sem dizer o quanto eu amo a gaga, a gente tem a mesma química. Não acho que tenha sido as pequenas saias que eu uso. Ou porque jogo o cabelo pro lado esquerdo. Muito menos a poker face no poker. É que existe isso aí entre a gente. E quando você chegar, espero que cedo, eu possa ter meu orlando bloom, dizendo LINDA pessoalmente.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

better

Olha, até entendo se você quiser ir embora. Afinal, eu não fiz nada pra te ter por aqui, só deixei você entrar. Entrar no apartamento, depois na minha faculdade, depois na minha vida, depois na minha cama. Entrou porque quis. Te ofereci um cigarro, uma tequila. E você foi escorando. E eu deixando. Mas acho que não cheguei a te contar esses meus dramas não. Não sou boneca, não sou de vidro. Já tentaram me quebrar algumas vezes mas não funcionou. Eu sei fingir muito bem. E nem estou falando sobre orgasmos. Por isso, se está incomodado com meu 'não estou nem aí', te asseguro, a porta que você entrou não está trancada, nem por dentro, nem por fora. E vamos ser sinceros, a qualquer minuto eu vou cansar dessas suas besteiras de me perguntar se 'isso são horas, mocinha?', ou reclamar que minha saia é curta, ou que aquele cara não parou de me olhar a noite toda. Acompanha a explicação. Comprei cerveja, tá na geladeira. Aproveita e traz uma pra mim. Agora presta atenção. Se a gente tá junto desse jeito meio torto é porque encaixa. Assim. E não de outro jeito, não tenta me mudar. Porque eu definitivamente não quero que mude. E se alguém cansar, isso acontece. Mas ó, foi bom viu?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

luz acesa.

Esse apartamento acabou ficando gigante pra mim. Ainda mais pros meus pensamentos. Existe uma distância enorme entre o sofá e a parede e eu sempre trombo com a quina. É que era ali que a gente se esbarrava. Era ali, naquele canto, que você bagunçava o meu cabelo e sussurrava que me amava. Está doendo.

Eu fiz um café e fui trabalhar. E (ou)vi beijos sonoros na praça. Não era eu e você, atrasados para as respectivas reuniões. E quando voltei pra casa, vi uma garota rindo ao ler algo no telefone. Aqueles sorrisos que você sabe de onde vem. Eu não me lembro a última vez que senti aquilo. E subo as escadas. Ligo a luz. E percebi que não tenho comido. Não me julgue. Eu amava cozinhar para você. Me atrevo num pacote de bolachas, e começo a chorar. Eu te fiz viciar nessa bolacha.

Antes eram 15 passos até chegar no quarto, eu, em cima dos seus pés. A gente fazia isso sempre. Agora parece que são 150. Talvez eu resolva me jogar no sofá mesmo, provavelmente vai me doer menos hoje. Mas eu continuo andando. E encosto na porta. O lençol está todo estragado, só de um lado. A perfeição está te aguardando, ali, logo do meu lado. Volta.

A sua falta está me adoecendo. E eu estou abraçando isso. Essa noite decidi, vou dormir no seu lado da cama. Vou atrapalhar só um pouco do que te espera. Tomar dois comprimidos, dormir e apagar pelo menos uma noite. E quando você voltar, eu vou fazer novas promessas, vou fazer um café mais doce e fumar menos. E então te contarei dos dias que as noites tinham 24 horas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

...se puder.

Eu estou ouvindo hurt do johnny cash de novo. Me julgue. Aquela garrafa que escondia no meu guarda-roupa está completamente vazia. E eu sozinha. Eu não sei o que me tornei, meu grande amigo. Você está aí, olhando pra mim com grandes olhos, cheios de curiosidade, enquanto eu passo a mão nos meus pra ter certeza de que não estou sozinha. Sim, estou sentada no chão de novo. Não me julgue mais. Eu deixei alguns segredos para os piores momentos. E esse é um daqueles. Eu não te amo mais. E talvez, nunca tenha realmente te amado. E o outro segredo é que eu minto com frequência. Então você não vai saber onde foi que estávamos os dois certos. O que posso acrescentar é que você é um irônico dos infernos. E que eu sou preguiçosa até pra viver. E em algum momento nós fomos felizes. E que só agora entendi que é outra simulação de um falha conversa, e que seus olhos curiosos são apenas os meus no espelho.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

longe.

Outra desculpa besta pra me ver. Você tem inventado uma mais absurda que a outra. E eu já te disse que isso não vai dar certo. E então vejo seus olhos pidões dizendo que é só por mais uma noite. Você sabe, meu bem, nós fomos destinados a ficarmos separados pela linha do tempo. Aquela linha que impede as pessoas pelo simples fato de que cada um está em um momento diferente. Me esquece, vai?

Você está com aquelas meias. Droga. Rosa tá longe de ser minha cor, mas sou obrigado a concordar que rosa fica muito bem em você. E todas essas almofadas desse quarto, garota, você precisa crescer. E eu preciso conseguir sair disso. Você brinca com a minha orelha e para. Não sei se achou algum câncer aí ou se algum amor antigo no coração. Nunca sei o que está passando com você. Aproveito a deixa e digo novamente pra você ir viver a vida.

Você tem esse gostinho de remédio de afta. Já te falei pra ir se tratar logo. E eu fico pensando nessas coisas, coisas que queria que você melhorasse, que mudasse. Penso em como me dá preguiça te atender, porque vou perder bastante tempo ouvindo você reclamar que está bêbada ou brigada com alguma amiga. Entendeu? Eu preciso sair dessa loucura. Tenho o meu trabalho pra fazer, que está atrasado por causa da sua tpm. Tenho que cortar meu cabelo que não cortei sábado passado porque você disse que precisava conversar sério comigo e acabamos tomando sorvete. Você é apenas uma garota, uma garota que me manipula por conhecer minhas vontades.

Eu saio da faculdade e não sei de onde tiro a insanidade de te ligar. Você pede pra me ver e eu sem ver, estou na sua porta. Você poderia ser minha aluna, sabia? Poderia ser se já tivesse idade pra entrar numa faculdade. Assim como também poderia ser minha garota, se eu tivesse força pra lutar contra esse seu jogo estúpido que funciona. Desse jeito, eu fico fugindo de você, porque eu sei que se esses seus olhos me olharem de novo, eu não me responsabilizo pelas suas meias.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

um nós meu.

Não vou ser de quem vai ser de mais alguém. Quando foi que chegamos nesse ponto? Ah. É mesmo, foi quando ficamos aquela primeira vez. Pois é, o que essa grande cidade tem pra me oferecer, eu vou. Nós ficamos, você dorme aqui e quando o dia fica claro, visto sua camiseta de marca e faço um café bem amargo pra te tirar da minha cama. Depois de meses fazendo isso, eu prefiro que você leve todas aquelas camisetas daqui, e aquela caneca ridícula que te faz lembrar 'nossa terra natal'. Você chega bêbado e eu estava pra sair. Te largo dormindo. Vou, mas fico com a cabeça na sua, aqui na minha cama. E aí ela te liga, e você diz que está em casa e que sente a falta dela. Na minha frente.

Só estou te falando todas essas coisas porque se você volta pra beber meu café horrível e me jogar no sofá velho da sala, é porque tem algo aí que você não está contando. Nunca te pedi pra deixá-la, ou pra me oficializar. Mas bem que eu queria alguns domingos pra poder dormir até tarde com você. De janela aberta pro sol bater e a gente se abraçar. O desapego me ensinou a desapegar até de mim. E por isso pode ir com seu cheiro que me faz dormir. Não vou te beijar mais e esquecer dos certos e errados que aprendi na escola. Se eu pegar a cola do amiguinho emprestada, hora ou outra, terei que devolver. E estou te devolvendo. Com selo e sem remetente. Por favor, deixe que minhas pernas se cruzem novamente, com as de outro alguém.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ficções de outras vidas

Não deixa de ser verdade, os sonhos que tenho com você. Olha, ainda não te conheço, ainda não sei que gosto você tem. Mas quero provar. Provar as dobras que suas mãos podem percorrer. Provar o doce amargo do seu colchão. Quero saber o que você esconde nesse olhar cheio de quereres sem dizer uma palavra. Eu sei que de longe, formamos isso. Ainda não sei o que formamos de perto. Você consegue me olhar e despir minhas desculpas. Consegue fazer certezas se tornarem vagas memórias. E então eu sonho. Porque ainda não pude experimentar, porque não pude entrar nessa tatuagem e dormir com seu cheiro.

...


Parece que nos conhecemos por uma vida, porque te conto coisas sérias sem uma peça de roupa. Você deita em mim como se não existisse nada após aquela porta. Eu estou exausta e você me olha querendo mais. E eu quero. Quero o macio da pele, quero o sangue nas veias. E não faz frio, ou calor. Mas conto assuntos corriqueiros, ou nem tanto, com o mesmo tom da soneca de 22 minutos. Duas horas, precisamos sair daqui.

terça-feira, 3 de abril de 2012

aqui tá assim.

Acho que estou simulando mais uma das nossas conversas. novidade zero. Eu sei que faço isso e faço isso aqui, na minha cabeça, na frente do espelho, ou tomando banho, ou café. Talvez eu tenha deixado alguns segredos que duvidosamente escolhidos por mim, você jamais vai saber. Eu amei umas outras coisas nesse tempo, e outras eu odiei. E você era o que ficava no meio disso. Na minha confusão, você foi o calor que queimava nas mensagens e o gelo dos telefonemas. Você foi meus extremos e eu acho que não sabia. Achei que era meio termo enquanto o termo estava lá, pra mim. Acho que estou fazendo coisas por mim e que não devia, mas estou sim fazendo. Estou deixando a palavra 'permissão' entrar nos meus dias. Meu cabelo continua o mesmo mas não bebo mais long neck. Tem uns carros que passam na minha porta com um ruído conhecido, mas não é você. E tem umas escovas de dente que estão loucamente pedindo amparo no armário da minha casa. Casa que tem colchão e cama, cheiro e pomadas, fotos e origamis, noites e dias. Eu sem você.

sexta-feira, 9 de março de 2012

sobre os lados diferentes.

Não, não acho que ela estava mesmo querendo me deixar. Ela já tinha feito esse negócio de jogo antes, e eu como sempre, nunca acompanhei direito, parecia sempre que ela estava dois passo na minha frente.
Mulheres, por que sempre tão complexas? Eu querendo apenas amar e ser amado. Por que tanta confusão garota? Garota nada, passou da idade de ser chamada assim, passou da idade das crises que dá. Devia se portar como mulher e me trazer logo uma cerveja bem gelada. Hahaha. Claro que falei isso brincando, até porque ela é daquelas que antecipa, trás a cerveja antes que eu peça, com um salaminho e limão, cortado. E depois me pede abraço, como se já tivesse pago antes por isso, ou que esse era o preço por ser tão prestativa. Ela tem esse lado machinho, de don't care about a thing, mas quando a coisa aperta, ela é cor-de-rosa com olhos marejados de água. Sabe, não consigo diminuir o quanto gosto dela. Nem quando ela dá uma de louca e grita comigo no telefone e eu desligo. Eu sei que ela chora quando faço isso, e faço nem sei porque. Aí ela me liga de novo e eu chamo ela de amor. Pronto, a briga acabou. Tem dias que é tudo fácil entre a gente, os bom dias, os almoços, os seriados, os sexos. Outros dias parece que ela quer distância, bom, nem a culpo, eu sei ser irresponsável. E eu sei machucar ela. E eu sei que dói mais em mim que nela, porque eu cortaria o mundo pra nunca ver dor nela. Deve ser esse egoísmo meu, esse imediatismo que eu não controlo. Eu quero, eu quero, e quero agora. Droga, tanta coisa eu não devia ter querido. Pra não ter visto aqueles olhos chorando e perguntando: eu sou tão ruim assim?
A gente brigou, não sei se foi sério, porque sempre parece sério mas acaba em sexo. Sexo sem uma palavra, nenhuma que seja limpa, pelo menos. E então eu concordo, é claro. Deve ser esse tanto de hormônio que homem carrega. Enfim, não queria que tivesse tomado esse rumo. Ela disse que não aguentava mais. Acho que eu falei que ainda amava ela mas que se era isso, então era isso. Todas as vezes que me levantei da cama dela, ela me impediu antes mesmo que eu chegasse na porta. Não naquele dia. Aquele dia ela afundou a cabeça na almofada cor-de-rosa e achei que era a deixa pra eu ir e ela me segurar. Mas dessa vez ela não foi, e não veio, até hoje. E eu queria estar pensando no fim da briga, no sexo sujo. Mas eu só conseguia pensar nela aninhando no meu ombro, nos olhos brilhando quando dizia que ela estava linda ou no sorriso que ela dava quando eu apertava o nariz dela. Eu fui embora e agora não sei voltar. Mas se era pra ter ido embora, não sei o que fazer da vida, porque descobri que minha casa é ela.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

[pedaço]

E ele me fez prometer segredo absoluto, me fez prometer por uma alma que eu não julgava ter. Eu pude perceber que seus olhos brilharam mais do que em qualquer outro momento, mais até do que quando viramos aquelas tequilas, devagar, se aproximou e com sua voz mais doce, disse: eu sou um anjo.
Eu devo ter entendido errado, não, claro que entendi errado.
-Um anjo?
-Sim, de castigo, mas ainda um anjo.
Ele falava cada palavra calmamente e então eu percebi que era verdade. E que eu estava com as pernas bambas por mais de um motivo. O segredo dele poderia ter sido o quanto ele estava apaixonado por mim, mas não, ele era alguma coisa que não era normal, e eu sentia borboletas no estômago. Muito egoísmo o meu, pensar nas borboletas enquanto ele dizia algo tão sério.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

prisão domiciliar

E agora, o que é que vamos fazer? Houve o tempo de distanciamento e, que digo de passagem, foi o melhor no momento, evitou muitas dores. Passado muito tempo, sem ninguém pedir desculpas, sem ninguém procurar ninguém, tava lá, as duas de novo. As duas. Nós duas. Vai dizer que consegue me responder o que foi que a gente fez no passado que nos prende tanto assim? Eu não sei. Eu não imagino o que foi que vivemos de tão importante, de tão grande e perfeito que nos fez ficar presas assim, não que eu esteja reclamando, mas eu só consigo me lembrar que fomos amigas, amigas como qualquer outra pessoa foi, como irmãs que nasceram de mães diferentes. Amigas sem medida, sem madrugada, sem hora pra desligar o telefone e guardar a agenda. Amigas que compartilharam tudo, que viveram juntas e que brigaram e muito. Que não aprovavam todas as atitudes da outra, repreendia e às vezes se ausentavam. Nem sempre juntas fisicamente, mas sempre em pensamento, em preocupação.
Mas é claro que tenho todas as cartas, as agendas e as fotos. Nem todas as fotos porque sempre meus computadores dão problema e eu não consigo salvar tudo antes da pane. Tenho todas as tardes de mãos dadas, os filmes, os cds. Mas não sei o que fazer disso, porque sempre achei que isso era comum quando se tem um amigo, as coisas ficam, as pessoas mudam e pronto. Por que não acontece assim nesse mundo nosso? Sei lá, tem hora que parece que a gente nasceu pra ser arqui inimigas, e volta e meia quando menos espero, você está lá, sendo a amiga que eu tinha. Não sei o que aconteceu pra amarrar dois destinos assim, e confesso pensar bastante nisso. Mas eu fiz questão de deixar claro que o caminho está livre, que eu não tenho ressentimentos e que você pode sim falar comigo. O que vai acontecer agora eu não sei, mas pelo que estou contando, estou dando meu segundo passo em sua direção.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

atraso

Meio assim mesmo, atrasada. Atrasada com meu balanço anual e com todas as outras coisas que eu devia ter feito. Devia já ter comprado minha agenda, já devia ter mandado revelar umas fotos, isso sem falar com o estudo que já devia estar fazendo para a oab e o inss. Estou atrasada mesmo, com a prestação de contas do escritório, com o compromisso com um padrinho e com meus seriados. Mas não quero ficar em dia. Não quero isso não. Estava mais era querendo um bom lanche, um bom campari e uma boa compania. Pra ter aquelas boas conversas atoa. E não é que estou sentindo muito mais falta do que achei que sentiria? E não é que não consigo procurar nada nem ninguém, estou na inércia. Sonho com a faculdade, que tinha que voltar lá, resolver coisas não resolvidas. Sinto tanta falta de um estacionamento quanto de ar.

Com muita falta de 2011, ano inesquecível, eu cumprimento 2012, e que sim, tomara que o mundo acabe esse ano, assim sei que vou morrer feliz.