O sol que me rege me pede para que eu seja sempre ponderada, a balança sempre foi uma guia, medidas, libras, equilíbrio. Ao longo de 32 anos eu fui tentando me colocar ao centro de uma balança invisível para as outras pessoas, mas que, para mim, era onde eu pisava o tempo todo. Por medo de conflitos a escolha era me abster, por medo de decisões que pudessem ferir alguém, deixava de tomar por medo de não estar em harmonia. E assim, a mediação nunca foi uma tarefa árdua. Além disso, me adaptar ao meio e às pessoas era o meu cotidiano. Por melhor ou pior, me moldar ao que o destino me trouxesse, era algo corrriqueiro que sempre pensei que fosse natural e mais fácil. Hoje eu percebo que não, o custo de ter vivido uma vida inteira assim me deixou onde estou agora. Cada renúncia foi uma cicatriz, cada vez que deixei o "meu" pelo "seu", eu guardei um pouco de mim, e agora tá me dando um trabalhão encontrar onde ficaram esses pedacinhos meus por toda a minha história. Tenho me buscado constantemente, tenho me encontrado o tempo todo. E a minha companhia (que é a única que tenho tido há algum tempo) é super prazerosa, agora eu me dou bem comigo mesma. E se eu disser que foi um processo natural, ahh, eu estaria mentindo. Porque montar uma balança, subir nela e equilibrar ali durante todos esses anos, isso eu sei fazer. Mas descer de lá, encontrar caminhos e segui-los por mim, isso sim é dureza, parece que estou fazendo tantas coisas pela primeira vez, tomando decisões e construindo o meu caminho de tijolos amarelos. Só que ao invés de correr dos meus medos, eu tenho dado as mãos com eles e seguido, e tem dias que a gente deita sim em posição fetal e chora, mas tem dias que me despeço de alguns deles, e esses dias fazem valer a pena a caminhada. Amanhã eu fecho um ciclo, mas eu abro outro, com alguns medos velhos e outros novos, mas com a certeza de que eu não vou parar.
"Closing time, every new beginning comes from other beginning's end"