Eu fui atravessada. Assim como a flecha que fora, em outro momento lançada, agora ela cruzou o outro lado do corpo. Antes de fora para dentro, hoje de dentro para fora. Expurgo o que entrou, espremendo até a última gota de sangue, para que tudo o que ali jazia, agora se vá. Através de mim, deixando estilhaços, ficam resíduos, que jamais me deixarão ser a mesma, afinal, mudaram a condição do meu ser, do meu pensar, do meu respirar. Sobre as dores, o peito rasgou com mais intensidade para receber do que para despedir, uma vez que o novo gera mais do que o conhecido. E de adeus eu bem entendo. E antes que deixe que o cinismo tome conta da prosa, como sei que é o caminho fácil e já esperado, deixo que o vazio lateje e que sem se quer olhar para o ferimento, que ele feche, em seu tempo, às minhas costas.