sexta-feira, 27 de abril de 2012

better

Olha, até entendo se você quiser ir embora. Afinal, eu não fiz nada pra te ter por aqui, só deixei você entrar. Entrar no apartamento, depois na minha faculdade, depois na minha vida, depois na minha cama. Entrou porque quis. Te ofereci um cigarro, uma tequila. E você foi escorando. E eu deixando. Mas acho que não cheguei a te contar esses meus dramas não. Não sou boneca, não sou de vidro. Já tentaram me quebrar algumas vezes mas não funcionou. Eu sei fingir muito bem. E nem estou falando sobre orgasmos. Por isso, se está incomodado com meu 'não estou nem aí', te asseguro, a porta que você entrou não está trancada, nem por dentro, nem por fora. E vamos ser sinceros, a qualquer minuto eu vou cansar dessas suas besteiras de me perguntar se 'isso são horas, mocinha?', ou reclamar que minha saia é curta, ou que aquele cara não parou de me olhar a noite toda. Acompanha a explicação. Comprei cerveja, tá na geladeira. Aproveita e traz uma pra mim. Agora presta atenção. Se a gente tá junto desse jeito meio torto é porque encaixa. Assim. E não de outro jeito, não tenta me mudar. Porque eu definitivamente não quero que mude. E se alguém cansar, isso acontece. Mas ó, foi bom viu?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

luz acesa.

Esse apartamento acabou ficando gigante pra mim. Ainda mais pros meus pensamentos. Existe uma distância enorme entre o sofá e a parede e eu sempre trombo com a quina. É que era ali que a gente se esbarrava. Era ali, naquele canto, que você bagunçava o meu cabelo e sussurrava que me amava. Está doendo.

Eu fiz um café e fui trabalhar. E (ou)vi beijos sonoros na praça. Não era eu e você, atrasados para as respectivas reuniões. E quando voltei pra casa, vi uma garota rindo ao ler algo no telefone. Aqueles sorrisos que você sabe de onde vem. Eu não me lembro a última vez que senti aquilo. E subo as escadas. Ligo a luz. E percebi que não tenho comido. Não me julgue. Eu amava cozinhar para você. Me atrevo num pacote de bolachas, e começo a chorar. Eu te fiz viciar nessa bolacha.

Antes eram 15 passos até chegar no quarto, eu, em cima dos seus pés. A gente fazia isso sempre. Agora parece que são 150. Talvez eu resolva me jogar no sofá mesmo, provavelmente vai me doer menos hoje. Mas eu continuo andando. E encosto na porta. O lençol está todo estragado, só de um lado. A perfeição está te aguardando, ali, logo do meu lado. Volta.

A sua falta está me adoecendo. E eu estou abraçando isso. Essa noite decidi, vou dormir no seu lado da cama. Vou atrapalhar só um pouco do que te espera. Tomar dois comprimidos, dormir e apagar pelo menos uma noite. E quando você voltar, eu vou fazer novas promessas, vou fazer um café mais doce e fumar menos. E então te contarei dos dias que as noites tinham 24 horas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

...se puder.

Eu estou ouvindo hurt do johnny cash de novo. Me julgue. Aquela garrafa que escondia no meu guarda-roupa está completamente vazia. E eu sozinha. Eu não sei o que me tornei, meu grande amigo. Você está aí, olhando pra mim com grandes olhos, cheios de curiosidade, enquanto eu passo a mão nos meus pra ter certeza de que não estou sozinha. Sim, estou sentada no chão de novo. Não me julgue mais. Eu deixei alguns segredos para os piores momentos. E esse é um daqueles. Eu não te amo mais. E talvez, nunca tenha realmente te amado. E o outro segredo é que eu minto com frequência. Então você não vai saber onde foi que estávamos os dois certos. O que posso acrescentar é que você é um irônico dos infernos. E que eu sou preguiçosa até pra viver. E em algum momento nós fomos felizes. E que só agora entendi que é outra simulação de um falha conversa, e que seus olhos curiosos são apenas os meus no espelho.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

longe.

Outra desculpa besta pra me ver. Você tem inventado uma mais absurda que a outra. E eu já te disse que isso não vai dar certo. E então vejo seus olhos pidões dizendo que é só por mais uma noite. Você sabe, meu bem, nós fomos destinados a ficarmos separados pela linha do tempo. Aquela linha que impede as pessoas pelo simples fato de que cada um está em um momento diferente. Me esquece, vai?

Você está com aquelas meias. Droga. Rosa tá longe de ser minha cor, mas sou obrigado a concordar que rosa fica muito bem em você. E todas essas almofadas desse quarto, garota, você precisa crescer. E eu preciso conseguir sair disso. Você brinca com a minha orelha e para. Não sei se achou algum câncer aí ou se algum amor antigo no coração. Nunca sei o que está passando com você. Aproveito a deixa e digo novamente pra você ir viver a vida.

Você tem esse gostinho de remédio de afta. Já te falei pra ir se tratar logo. E eu fico pensando nessas coisas, coisas que queria que você melhorasse, que mudasse. Penso em como me dá preguiça te atender, porque vou perder bastante tempo ouvindo você reclamar que está bêbada ou brigada com alguma amiga. Entendeu? Eu preciso sair dessa loucura. Tenho o meu trabalho pra fazer, que está atrasado por causa da sua tpm. Tenho que cortar meu cabelo que não cortei sábado passado porque você disse que precisava conversar sério comigo e acabamos tomando sorvete. Você é apenas uma garota, uma garota que me manipula por conhecer minhas vontades.

Eu saio da faculdade e não sei de onde tiro a insanidade de te ligar. Você pede pra me ver e eu sem ver, estou na sua porta. Você poderia ser minha aluna, sabia? Poderia ser se já tivesse idade pra entrar numa faculdade. Assim como também poderia ser minha garota, se eu tivesse força pra lutar contra esse seu jogo estúpido que funciona. Desse jeito, eu fico fugindo de você, porque eu sei que se esses seus olhos me olharem de novo, eu não me responsabilizo pelas suas meias.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

um nós meu.

Não vou ser de quem vai ser de mais alguém. Quando foi que chegamos nesse ponto? Ah. É mesmo, foi quando ficamos aquela primeira vez. Pois é, o que essa grande cidade tem pra me oferecer, eu vou. Nós ficamos, você dorme aqui e quando o dia fica claro, visto sua camiseta de marca e faço um café bem amargo pra te tirar da minha cama. Depois de meses fazendo isso, eu prefiro que você leve todas aquelas camisetas daqui, e aquela caneca ridícula que te faz lembrar 'nossa terra natal'. Você chega bêbado e eu estava pra sair. Te largo dormindo. Vou, mas fico com a cabeça na sua, aqui na minha cama. E aí ela te liga, e você diz que está em casa e que sente a falta dela. Na minha frente.

Só estou te falando todas essas coisas porque se você volta pra beber meu café horrível e me jogar no sofá velho da sala, é porque tem algo aí que você não está contando. Nunca te pedi pra deixá-la, ou pra me oficializar. Mas bem que eu queria alguns domingos pra poder dormir até tarde com você. De janela aberta pro sol bater e a gente se abraçar. O desapego me ensinou a desapegar até de mim. E por isso pode ir com seu cheiro que me faz dormir. Não vou te beijar mais e esquecer dos certos e errados que aprendi na escola. Se eu pegar a cola do amiguinho emprestada, hora ou outra, terei que devolver. E estou te devolvendo. Com selo e sem remetente. Por favor, deixe que minhas pernas se cruzem novamente, com as de outro alguém.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ficções de outras vidas

Não deixa de ser verdade, os sonhos que tenho com você. Olha, ainda não te conheço, ainda não sei que gosto você tem. Mas quero provar. Provar as dobras que suas mãos podem percorrer. Provar o doce amargo do seu colchão. Quero saber o que você esconde nesse olhar cheio de quereres sem dizer uma palavra. Eu sei que de longe, formamos isso. Ainda não sei o que formamos de perto. Você consegue me olhar e despir minhas desculpas. Consegue fazer certezas se tornarem vagas memórias. E então eu sonho. Porque ainda não pude experimentar, porque não pude entrar nessa tatuagem e dormir com seu cheiro.

...


Parece que nos conhecemos por uma vida, porque te conto coisas sérias sem uma peça de roupa. Você deita em mim como se não existisse nada após aquela porta. Eu estou exausta e você me olha querendo mais. E eu quero. Quero o macio da pele, quero o sangue nas veias. E não faz frio, ou calor. Mas conto assuntos corriqueiros, ou nem tanto, com o mesmo tom da soneca de 22 minutos. Duas horas, precisamos sair daqui.

terça-feira, 3 de abril de 2012

aqui tá assim.

Acho que estou simulando mais uma das nossas conversas. novidade zero. Eu sei que faço isso e faço isso aqui, na minha cabeça, na frente do espelho, ou tomando banho, ou café. Talvez eu tenha deixado alguns segredos que duvidosamente escolhidos por mim, você jamais vai saber. Eu amei umas outras coisas nesse tempo, e outras eu odiei. E você era o que ficava no meio disso. Na minha confusão, você foi o calor que queimava nas mensagens e o gelo dos telefonemas. Você foi meus extremos e eu acho que não sabia. Achei que era meio termo enquanto o termo estava lá, pra mim. Acho que estou fazendo coisas por mim e que não devia, mas estou sim fazendo. Estou deixando a palavra 'permissão' entrar nos meus dias. Meu cabelo continua o mesmo mas não bebo mais long neck. Tem uns carros que passam na minha porta com um ruído conhecido, mas não é você. E tem umas escovas de dente que estão loucamente pedindo amparo no armário da minha casa. Casa que tem colchão e cama, cheiro e pomadas, fotos e origamis, noites e dias. Eu sem você.