quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

2 - Correndo.

Caminhei pra casa, não queira ouvir nenhum ruído que me lembrasse viagem. Nem carro, nem metrô, nem ônibus. Eu queria esquecer essa noite. Queria enfiar minhas mãos no bolso. E fumar ao mesmo tempo. Tanto isso quanto esquecer a coisa toda sobre a viagem era impossível.
Foi quando eu decidi voltar. Pra jogar todas coisas na cara dela. Jogar o quanto eu estava apaixonado e o quanto ela me entristecia com a vida que ela levava. Caminhei devagar. Evitando chegar. Evitando falar mais uma vez.
Chegando nos grandes portões eu me virei. Pra desistir mesmo. Queria não estar ali. Aí sentei na calçada, porque se eu ficasse de pé mais um minuto eu correria.
- Antônio?
Pois é, não era ela. Era a mãe dela.
- Dona Cecília! Não te vi lá dentro. Como vai?
Cecília era muito alta e muito bonita, mostrando ao jovem mundo que foi uma mulher maravilhosa. E a gente passava muito tempo conversando quando a Virgínia demorava a aparecer,  ou dormia.
- Antônio, aconteceu algo hoje? Virgínia está meio alterada.
- Você conhece a filha que tem, deve estar comemorando a viagem, já que me contou toda feliz.
- Ela te disse isso?
- Não, mas deu a entender.
- Ela nos engana tão facilmente.  Suspirou triste. - Eu a vi escrever uma carta aos prantos.
Dizendo isso ela saiu de cabeça baixa. E eu decidi que não era o melhor momento pra explodir um amor. Ela amava o remetente da carta chorosa. E para minha lamuria, não era eu.

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