quarta-feira, 9 de maio de 2012

do jeito dela.

Ela estava de veludo, jogada no canto do sofá, como se não tivesse me notado. Ela faz isso com frequência, e funciona. Me deixa louco. Eu tento fazer qualquer coisa pra chamar atenção dela, até ligar pra qualquer número feminino na minha agenda. Ela continua lá, com um copo na mão, olhando despretensiosa pra janela.
Eu vago pela sala. Pego um copo. Volto. Ela está brincando com os dedos no copo. E comigo.
Escoro na janela, trocamos algumas palavras. Ela reclama que atrapalhei sua vista. Que cansou de me ver. E eu penso desesperadamente nas suas costas. Desnudas encostadas no sofá.
Monto qualquer cena na minha mente, qualquer suspiro. Me sinto pouco confortável em lembrar das nossas madrugadas, com ela ali, do outro lado da sala. Me ignorando. O doce amargo da sua bebida. O arrepio.
Digo que vou embora e ela levanta. 'fica hoje'. Seria possível te negar? Eu fico essa noite, e se amanhã ainda existir, fico também. Não sei fugir dela. Não sei ser de mais alguém. Mesmo sabendo que ela vai me pedir pra esquecer tudo. O que eu posso fazer? Se já sei que ela é o que quero.

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