terça-feira, 15 de maio de 2012

simulação de voo

Faz frio e eles estão junto. O domingo amanheceu, mas eles ainda não. Tudo parece meio devagar e sonolento como devia ser. O indicador dele desliza da nuca às covas. Ela desperta. E com um sorriso de menina, sussurra qualquer coisa parecida com bom dia. Com a mesma mão ele a puxa, sente o perfume dos cabelos e a beija ternamente. É tudo mais leve assim, quando eles estão juntos.

De camiseta surrada e bermuda, ele passa a mão nos cabelos, confere no vidro da janela se está tudo dentro dos conformes e vai pra cozinha. É domingo, dia de ficar juntos, vivendo nada além do cotidiano. Ele faz um café e leva uma grande xícara pra cama, onde encontra sua garota se embrulhando de presente para os seus braços. Eles se encaixam, foi moldado pra ser assim. O café acaba e ela faz biquinho. Ele promete trazer mais se ganhar um sorriso. Ela nega. E começa a guerra de cócegas.

O tempo continua nublado e eles fazem algo na cozinha. A claridade da janela deixa o rosto dela perfeito. Vestindo nada além do moletom dele, ela consegue portar uma beleza e sensualidade inocente. Todo atrapalhado com essa visão, ele tenta continuar cozinhando, mexe na colher, experimenta e joga mais sal. As grandes costas dele a impedem de ver o andamento no fogão, então ela aproveita para observar quão encantador ele consegue ser. Sério, lindo, barba serrada e o maior desejo do mundo em apenas uma coisa: ser dela.

Colchão no chão, duas cobertas escuras, dois travesseiros e dois corpos ocupando o mesmo espaço. Os beijos nunca são suficientes, os olhos caçam os olhos, a luxúria ordena. E quando se separam sentem que não existe a necessidade de espaço entre eles. Se abraçam, se aninham. Ele passa os finos dedos entre os longos cabelos dela e se perde nos pensamentos. Alguém naquela sala sabia que tinha sorte.

O sol se põe, o faustão está irritando na tv e eles estão tomando sorvete. Ela coloca um dos pés em cima do outro, mesmo de meia, o frio está grande. Ele repara e ri. Repara nos detalhes, no cabelo atrás da orelha, partida pra esquerda. Ela é doce, meiga e quente. Ele é atencioso e tem cheiro de lar. Difícil imaginar esses dois separados.

Um comentário:

Day disse...

"Colchão no chão..." Peraí, colchão? Hahaha, me lembrou algo. Bom texto S, fantasioso, mas muito bom. Beijos